A CHUVA E OS SEUS MISTÉRIOS
(Gracinda Calado)
Olhando a chuva que cai sinto saudades!
A água rolava pelas calçadas altas, ladeira abaixo formando riachos imensos rumo ao rio que passava perto.
De longe o barulho das águas do rio chamava atenção a todos que moravam nas redondezas.
Meus irmãos afoitos se jogavam nas correntezas e eram levados rio abaixo juntos com outros garotos da vizinhança até encontrarem um lugar mais tranquilo para aportar. Não tinham medo do perigo!
O gosto da chuva era diferente. Tinha gosto de fruta caída do pé, pois as formosas mangas- rosas se precipitavam naquele aguaceiro louco do inverno.O barulho dos trovões nos animava à espera de mais chuvas para transbordar o rio.
Do alto da serra desciam os galhos de ingazeiras no leito do rio e troncos de outras árvores faziam barreiras enormes, atrapalhando a água passar e seguir seu rumo.
Era um espetáculo maravilhoso! Se não fosse a chuva que caía em galopes com força para destruir as plantações diria que o paraíso estava plantado naquele lugar.
A chuva que caía no chão não respeitava limites nem ocasiões. Caía forte como um desesperado pranto de dor. A terra ficava molhada, cheirosa, fértil, viçosa esperando as sementes do milho e feijão para germinar.
A chuva caia do céu para abençoar os lavradores e encher de alegria os plantadores de grãos. Os grãos que alimentariam seus filhos, e trariam o sustento de suas famílias durante todo o verão!
Ó abençoada chuva que dava vida aos animais, as flores do campo, e as criações!
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