sexta-feira, 26 de setembro de 2014

A CASA DA MINHA INFÂNCIA

A CASA DA MINHA INFÂNCIA
Gracinda  Calado
CASA_BATURITE
Olhando o seu retrato, volto a pensar os dias felizes que junto a ela passei. Seus arvoredos me falavam  de natureza madura, pura , singela, que falava aos passarinhos, e se entregava toda inteira aos pardais. Vejo seu telhado antigo, desbotado do tempo e dos ventos, inspiravam tranqüilidade e segurança
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Pela manhã no jardim,  rosas se abriam como sorrisos de alegria, enquanto os beija-flores ansiosos chegavam para sugar o mel  em competição com as abelhas. A força do colibri parado no ar me causava admiração, e as abelhas zumbindo em forma de círculos me deixavam tonta
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Quando olho sua fachada antiga, lembro-me dos casarões da minha cidade, e as ruas enfeitadas de benjamins, suas avenidas ajardinadas e as ladeiras que não me cansava de subir e descer, ora para ir ao colégio, ora para ir à Igreja, ou passear na cidade!

As bocas de jacarés que derramavam água como animais de bocas abertas, encravados na fachada da frente, eram divertimentos nos dias de chuva, onde a criançada disputava um lugar debaixo de cada boca de jacaré para sentir o gosto da chuva caindo em suas cabeças.

Parece que estou ouvindo as palavras de minha mãe chamando para trocar de roupa, ou escovar os dentes, fazer os deveres de casa, sentar à mesa que já era hora de almoço ou jantar. Meu pai gostava de cortar canas e descascá-las para nós, parecia uma festa, ainda ouço o ranger dos dentes de cada um sugando o mel da garapa da caiana
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Na sobremesa era indispensável as frutas do sitio: cajaranas, mangas, bananas, sapotis, atas e muitas outras de época.Felizmente soubemos aproveitar todas as qualidades de vida que a natureza nos presenteou em nossa convivência naquela chácara.

Falei das flores e dos frutos, não podia deixar de falar dos caramanchões que cercavam as laterais da nossa casa. Brincávamos debaixo deles como se fosse o nosso paraíso! Tinha acácias vermelhas, trepadeiras amarelas e  florzinhas lilases que não me lembro  o nome.

Casa velha, que ainda recordo o meu sono na rede, armada no alpendre do lado. Nela sonhei com pardais, com coqueirais, com o mar, com as praias lindas do meu Ceará e hoje estou aqui vendo o mar e com vontade de voltar para a minha casa antiga na minha linda cidade de Baturité!

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