domingo, 30 de setembro de 2007

9 DE MAIO


9 DE MAIO
( Gracinda Calado)

Chão molhado, chuva caindo lá fora
No coração de uma mãe a longa espera,
Cheiro de jasmim no ar, rosas desabrocham
Ao som do sino da matriz.

A natureza toda compartilha com a espera,
Aquece os corações naquela manhã fria,
Na igreja o padre reza uma oração,
A cidade toda começa a caminhar em passos lentos...

São 5 horas, corpos se espreguiçam,
O cheiro de terra molhada anuncia a chuva que cai lá fora,
Dentro de casa ela sofre a dor do parto
È minha mãe na doce paciência.

Quem virá , menino ou menina?
. De repente um choro rompe aquele ritual,
A luz em meus olhos brilhou mais forte,

O mundo me recebeu naquela manhã calma .
Senti o cheiro do café pela primeira vez,
Meus pés foram aquecidos pelo cobertor.

Longe lá longe um galo canta ainda o alvorecer,
A minha alma canta de alegria,
O mundo me recebeu alegre,
Senti o cheiro de minha mãe,
Senti o cheiro de Deus ao meu lado.

Pela vez primeira ouvi a voz de meu pai,
O som ecoou em suave harmonia.
Novamente os cobertores aqueciam o frio que fazia.

Mês de Maio em minha terra era festa.!
Mês das flores e das novenas
Mês das noivas e dos batizados.

As canções, as procissões,
As mais lindas coroações,
E eu lá no cantinho
No embalo do carinho de meus pais.

Onde andam agora quem me deram a vida?
Ah! minha mãe!
Que saudade de meu pai!

sexta-feira, 28 de setembro de 2007


OLHANDO ESTRELAS
( Gracinda Calado )

Em noite sem lua olhando o mar, enquanto o barulho das ondas ronca tal qual um trovão, penso na grandiosidade de Deus, que fez o universo inteiro com suas organizações imutáveis!
Enquanto olho e penso, sinto a luz das estrelas que teimam em brilhar, uma em cada canto da noite escura.
Ao longe uma estrela cai no imenso fundo do oceano, eu digo: "vai com ela meus desejos”, e volto pensativa para meu canto de observação.
Fito a noite escura, e muito longe, um clarão preguiçoso se aproxima, fico pensando na lua!
Enquanto vejo o brilho das águas que vão e voltam agitadas, como pratas espalhadas sobre o mar, ouço o ronco das ondas que se espalham nas areias brancas, como espumas de vidro.
Olho para o céu e vejo a lua que se aproxima pensativa, preguiçosa, iluminando boa parte do céu.
Fico imóvel, extasiada, perplexa, delirante com tanta perfeição na noite escura.
Há pouco, a escuridão da noite, cheia de mistérios, agora o céu começa a clarear.
As estrelas quase não as vejo, sacrifico-me em olhá-las.
Vejo o cruzeiro do sul, a estrela Dalva, que aparece em competição com a lua.
Fico horas perdidas meditando na obra do criador! “ No princípio era o imenso universo, depois Deus criou o céu com tudo que nele existe: a lua , o sol, as estrelas, os planetas...” tudo para o homem aproveitar das suas belezas, dos seus mistérios, da sua imensidão.
Volto a olhar a lua e naquele canto escuro, agora é claridade viva, a lua já vai alta iluminando todo céu!
Casais de namorados passeiam naquela praia imensa!
Fazem juras de amor tendo a lua por testemunha.
Passeiam calmamente e fazem parte daquele espetáculo natural do céu!
Volto para casa tranqüila, sei que terei nessa noite uma noite de sonhos ao luar!

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

CORAÇÃO PRETO E BRANCO


CORAÇÃO PRETO E BRANCO

( Gracinda Calado )

Todos os dias a mesma coisa, as mesmas histórias, repetidas como que , para lembrá-las.

Todos os dias são dias cinzentos, quase sem luz; para o velho que só vê preto e branco. .
É como um filme dos anos 30, onde as imagens se misturam, se borram no processo de desenvolvimento.
São imagens chamuscadas, apagadas sem expressão.
Ricas lembranças, pobres retratos, imagens já sem cores, desbotadas, porém vividas com muita emoção!
Pobre velho, ombros caídos, andar cauteloso, fala macia, quase inaudível.
Olhos cansados, apagados, tristes de tantos dissabores, de tantos amores destruídos, esmagados pelo chão!
Suas lembranças são jóias preciosas de se ouvir!
Suas lições de vida são verdadeiras filosofias, de experiências, são melodias que durante uma vida inteira ele cantou!
Pobre velho, abatido pelo tempo que passou!
Rico velho pelo tempo que amou!
Seu passado, bem distante, escreve tristes recordações de amores!
Amores idos e vividos como paixões de uma primeira vez.
Seu coração, acelerado, bate mais forte embriagado nas recordações.
Querido velho, hoje é seu dia, devo dizer-lhe que durante toda a sua vida não foi o “velho” mas um anjo que passou em nossas vidas, curando as feridas dos nossos corações, com sua sabedoria, sua magia, sua sabedoria!
Beijo suas mãos agora e lhe abraço para que sinta que aí dentro do seu e do meu peito ainda pulsam dois corações!

quarta-feira, 26 de setembro de 2007




A ROTINA DA CIDADE
( Gracinda Calado)

Olho a rua deserta.
São 6 horas da manhã do mês de Abril!
Os transeuntes já começam suas rotinas da semana.
Calmamente a cidade volta ao seu normal.
Vejo crianças e meninas que se apressam para a escola, com suas mochilas coloridas e seus sapatos pretos.
Meninos que comentam futebol, torcem pelo time preferido. No jardim as primeiras rosas se abrem para receber os primeiros raios de sol.
Ao longe grita o leiteiro que traz o leite para o café misturar.
São 7 horas, na praça bem em frente a minha casa, onde casais de namorados se apressam, se encontram, se beijam docemente.
O fruteiro grita e oferece as frutas que estão fresquinhas... e o padeiro com seu cesto de pães em cima da bicicleta, encosta na porta da casa, enquanto a patroa vem buscar o pão quentinho!
Do outro lado da rua aparece o carteiro, sorridente, traz com ele novidades, noticias para a donzela, enquanto ela sorri da janela e agradece.
Durante muito tempo fico ali a observar, o que será que vai fazer aquele homem, de meias e calção, passos apressados, enquanto outros passam para o trabalho,com ar de preocupados olhando para o chão?
Cada um tem um destino, uma obrigação.
A rotina desse dia me chamou muito a atenção.
O jardineiro que rega as plantas com cuidado e devoção, tira todos parasitas que tentam destruir a grama verde no chão.
Mais alguns minutos ele rega as flores, as samambaias, as palmeiras, as hortênsias e os miguês.
São 9 horas da manhã e o sol começa a castigar com seu calor enquanto eu fico parada ali a olhar a rotina desse dia e me incomodo com o barulho das buzinas dos carros que passam em disparada.
Fecho a janela e apresso-me para fazer parte daqueles que enfrentam mais um dia de rotina!

segunda-feira, 24 de setembro de 2007


O PREÇO DA IDADE
( Gracinda Calado)

Qual o preço da idade?
Direi sem rodeios, nem medos: é o peso da tua inconformação.
O que não aceitas?
Olhar no espelho e o branco dos teus cabelos?
Tuas rugas no rosto?
Por que não te olhas com olhar de menina?
Este teu olhar de velha inconformada com o tempo é o teu castigo!
O tempo que passou te deixou marcas de sofrimentos, de ingratidão, de decepções, de tristezas, tudo isto são fragmentos de uma vida bem vivida!
Ama tua pele, ama o teu coração que tanto amou um dia!
Não rejeites as aparências do tempo pois nelas estão toda tua sabedoria.
Não rejeites os mistérios da tua alma que ela foi um dia testemunha das tuas vitórias e das tuas alegrias.
Agradece tudo que da vida tiraste e o que ela te ofereceu!
Confias que um dia passaremos e levaremos o que de mais sagrado temos.
Um dia olharás no espelho da alma e não mais verás as rugas do teu rosto, nem teus cabelos brancos, verás somente a transparência do amor que tu levaste para a outra vida.
Não chorarás de amores já vividos, pois esquecerás com o tempo .
Agora aceita o preço da tua idade!
Sonha com flores e jardins.
Não desista nunca de viver!
Creia que em cada dia tudo começará de novo!

domingo, 23 de setembro de 2007

VELHAS ÁRVORES


VELHAS ÁRVORES
( GRACINDA CALADO)

Homenagem às árvores pelo seu dia e pela estação da primavera!

“Olhe estas árvores á beira do caminho.”

Elas estão sempre aí, levando os anos,
Protegem os pássaros das procelas da vida, dos temporais,
São elas que à noite os protege m do frio e das tempestades,
E durante o dia dão o seu fruto como alimento.

Velhas árvores, já sofreram tantos vendavais!
Árvores cansadas de dar frutos,
Árvores velhas, mais que belas,
Suas folhas verdes, cheias de oxigênio,
Embelezam suas copas nuas tão viçosas!

Árvores que acolhem os viajantes em suas caminhadas,
Oferecem suas sombras carinhosas,
De suas copas tão frondosas!
Árvores amigas, esquecidas.

Árvores vivas tão cheias de vida,
Ninguém te abraça, mas os teus galhos,
São braços fortes de abraçar!

sábado, 22 de setembro de 2007


OUTRO SALMO!
( Gracinda Calado)

Se eu pudesse rezaria outro salmo...
Um salmo dedicado às mulheres:

Ò Deus que estás nos céus,
Lembra-te das mulheres,viúvas,
Abandonadas, rejeitadas,
Esquecidas pelos filhos.

Ò Deus de misericórdia, tenha compaixão das mulheres,
Nos asilos para velhos, encostadas,
Sofridas, maltratadas.
Elas que tantos filhos geraram,
Que tantos filhos criaram.

Com tua benignidade,
Sacia suas vontades,
Com as graças de cada dia.
Volve o teu olhar de misericórdia,
Para essas que deram suas vidas,
Esquecidas em outras vidas.


Quantas mulheres, Senhor!
Quantas mostraram suas faces
Tristes, sofridas, enrugadas,
Sem sorrisos, marcadas pelas lágrimas
Que escorrem em suas faces,
Distantes das primaveras...

Piedade Senhor, por nós, as mulheres,
Viúvas, sem carinhos, sem amor e sem perdão,
Condenadas pela vida, Senhor Deus de salvação!
Tende piedade de nós Ò Senhor!

sexta-feira, 21 de setembro de 2007


ESTAÇÃO DAS FLORES
(Gracinda Calado)

Quando chega a primavera, vamos correndo em busca das flores.
Vamos também em busca de suas cores.
Flores brancas, vermelhas, amarelas, lilases, roxas, cor de rosas, azuis, flores vivas, orvalhadas, perfumadas, botões de flores esperando pelo sol para sorrir.
Na natureza tudo é festa na primavera! Os jardins inspiram amores, e as flores soltam beijos multicores.
Quando nascem as flores, os corações sorriem de prazer. Em cada coração vive uma canção.
Flores vermelhas são paixões alucinadas, encarnadas, cor de sangue e de “sofrer.”
Flores amarelas, são singelas, perfumadas, orvalhadas, são sinais de fertilidade e de amor.
Flores roxas, são sofridas, coloridas, são paixões recolhidas, são amores mal vividos, são “morrer”.
Flores azuis, da cor do céu, são as graças de Maria nossa mãe, são rezas, milagres, são orações.
Flores cor de rosas, são mimosas, ardorosas, cuidadosas, são viçosas.
Flores brancas, são lindas, são de paz, que nunca jamais se confundem com nenhuma outra flor.
Quando tudo floresce vamos correndo buscá-las, são flores que os olham jamais sonharam em vê-las.
Quando chegam as flores chegam também os amores, cantando numa canção e o mundo gira e tudo renasce trazendo paz para o coração!
Quando tudo isto acontece , cantamos de emoção, louvamos de alegria, ao universo e a criação!

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

SAUDADES...


SAUDADES...
( Gracinda Calado)

Nesta tarde febril e tristonha
Bate-me uma saudade imensa,
Ouço o ultimo cantar dos pássaros,
Vejo os raios do sol poente.

Meu peito chora uma saudade louca
De ti meu pai, que está distante,
Vivendo em outras dimensões,
Eu cá na terra pássaro errante...

Mergulho no vazio da saudade viva,
Só sombras vejo em luz distante,
E as lágrimas quentes rolam delirantes,
Sinto tua falta, tua presença amiga!

Triste badalar de” ave-marias”
Enchem minha alma de esperanças.
É minha fé em Deus que um dia,
Verei tua face no céu da bonança!

Homenagem ao meu pai pelos 20 anos de vida eterna, 19/09/2007.

terça-feira, 18 de setembro de 2007


SAUDADES 2
( Gracinda Calado )

Quem nunca sentiu saudades!
Saudade em nossa língua , rima com verdade, realidade, ansiedade; não precisa de rima para entendê-la.Saudade do cantinho da rede onde eu sonhava com príncipes encantados em seu cavalinho branco, correndo pelo jardim, onde horas inteiras ficava debaixo das árvores abraçada aos livros de poesias, de romances de reis e de rainhas...
Saudades dos filmes de amor, esperando a hora do beijo apaixonado do mocinho; saudades das minhas professoras do primário e do ginasial. Das peças de dramas no colégio, e das poesias que eu declamava! Ò quantas saudades da turminha da escola que na hora do recreio se reunia para conversar, falar dos namorados, das notas baixas do dia, do castigo de nossos pais, dos segredos, das bobagens, que para nós eram verdades!
Saudades dos dias de férias, dos banhos de rio, dos passeios na pracinha, dos flertes (paqueras), das tertúlias aos sábados e as matinais de domingo!
Saudades dos carnavais, dos cordões e do corso pelas ruas da cidade!Tudo isso é saudade!

Saudade da mocidade
Das noites de lua cheia
Das modinhas e serestas
No coreto da cidade!

Saudades do primeiro namorado,
Do primeiro beijo roubado,
Do sincero aperto de mãos,
Do sorriso apaixonado!

Saudades somente saudades
A tudo que era tão bom,
Que o tempo já carregou,
Deixando somente saudade!

domingo, 16 de setembro de 2007

VERSOS E REVERSOS


OS VERSOS E OS REVERSOS
( Gracinda Calado)



Enquanto faço versos vou ao reverso da minha alma. Vou me distraindo, viajando, criando outros versos, me vendo em reversos e em outras canções. Mergulho nas profundezas de meu ser.Lá encontro a paz que eu espero. Sinto-me só, pois lá tu não estás.
Perco-me divagando nas canções e nos pensamentos, e como pássaros alço vôos imensos para o infinito.Entre as nuvens que guardam os sons que vêem do além distante, ouço o barulho das chuvas que caem copiosamente, estalando entre os telhados, lavando corações feridos e magoados. Embriago-me em outros versos e em outras canções!
Apego-me no meu passado distante e projeto meu futuro. Uma calma me domina. Os versos viram reversos na placidez daquela calma imensa.Turbilhões de sentimentos se misturam, confundem-se nas cores espaciais. O vôo antes lento agora pousa em disparada em outras dimensões.Mares revoltos emolduram os meus sonhos e os pensamentos atrevidos vagueiam nas torrentes do universo e a minha alma pousa aflita nos reversos dos meus versos. Corro a procura de socorro, senão morro.!
Piso o chão firme dos versos que criei e sigo a voz do coração!
Descobri que dentro dele mora um anjo que me leva, me ilumina e me fascina.
Espelho-me em suas faces cristalinas e na leveza de suas asas me conduz para a luz!

sábado, 15 de setembro de 2007


DIVINA MULHER

( Gracinda Calado)

Mulher que na vida meus passos guiou,
Soube enfeitar o caminho e a passagem,
Soube esconder os perigos da vida,
O mal que infesta, doença selvagem.

Mulher que nas tristes caladas da noite,
Soube guardar um suspiro abafado,
Fez silencio ao pé do meu leito,
Velou o meu sono infantil, agitado!


Mulher de raras e muitas virtudes,
Deixaste a vida lá fora correr,
Cuidaste da minha saúde,
Tudo pelo amor e pelo prazer.

Divina mulher e mãe devotada
Só quero na vida teu peito apertar,
Sentir teu perfume que emana pureza,
Sentir no meu peito o teu palpitar.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

A CONVIVÊNCIA E O SONHO


A CONVIVÊNCIA E O SONHO
( Gracinda Calado)

Quando sonhamos colocamos no nosso sonho todos os projetos que não conseguimos realizar acordados. Fazemos planos, desmistificamos dificuldades do dia a dia, superamos barreiras, nos tornamos fortes e corajosos...
Alçamos vôos altos e transpomos caminhos intermináveis, em busca do bem ou do desconhecido amor. Fugimos das trevas e mergulhamos em mares de luzes e de coragens, tudo em nome da felicidade, no entanto ela está tão perto de nós, dentro do nosso coração.
Por que não procuramos arrancá-la como fazemos com a flor, delicadamente no jardim?
Ela trará perfumes e cobrirá de cores nossos sonhos .
É preciso que a alma seja forte e não se deixe abater pelos deslizes dos que sonham sem parar, sempre insatisfeitos com os detalhes de suas vidas...
Fujamos do medo e levantemos a bandeira da coragem e de pé no chão, sigamos rumo ao nosso destino que Deus preparou para nós desde a criação.
Agradeçamos a Ele tudo que de bom vivemos e o que de ruim também recebemos, e em nome do amor confiemos, acreditemos que no mundo sempre haverá um cantinho feliz para nós.

terça-feira, 11 de setembro de 2007


SEMANA SANTA

Gracinda Calado


As manhãs eram fagueiras, deliciosas. O vento aparecia em forma de brisa beijando nossos cabelos. A casa era cheia de gente que passava pra lá e pra cá, sem canto certo pra ficar.
Quantos anos se passaram naquela casa ás margens do rio da minha infância! Na inquietação daquele dia ouvia-se a voz de minha mãe que não parava de falar na grande cozinha da chácara preparando o almoço do dia de Páscoa!
De longe sentia-se o cheiro do bacalhau com coco no fogão à lenha e os bolinhos de bacalhau no forno!
Na brincadeira daquele dia de festa fazíamos de conta que jejuávamos e mamãe fazia de contas que acreditava. A hora do almoço era mágica! O melhor vinho, a melhor comida, a melhor sobremesa e a maior alegria da família pois todos estavam reunidos para comemorar a ressurreição do salvador dos homens.
Depois do almoço novas brincadeiras, o banho de rio, enquanto esperávamos o sol declinar. À noite, as orações, e um ligeiro cansaço das movimentações do dia que passou!
Por que tudo mudou?
Hoje só tenho imagens e recordações fortes. Sinto cheiro, vejo cor,ouço as musicas que nos embalavam, ouço os gritos da garotada correndo solta pela casa inteira, a me chamar!
Meu pai, que figura maravilhosa! Abraçava a todos sempre com um sorriso nos lábios e no rosto a expressão da felicidade!
Nem me dei conta que o tempo passou! Nem me dei conta que estou só com minhas lembranças, que são só minhas e que levarei para sempre comigo aonde eu for. Feliz Páscoa!

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

A ROSA


A ROSA
( Gracinda Calado)


Rainha de rara beleza,
Perfume não há outro igual.
A todos causas inveja
Olhando o teu natural.

A todos causas encantos,
No jardim da natureza,
Enfeitas todos os recantos,
Com tua graça e beleza.

Tens a cor da pureza,
Pequena rosa em botão,
Embriagas com toda certeza
Todo e qualquer coração.

Pena que tu tens vida curta,
Enfeitas a vida e a morte,
Ninguém consegue imitar-te,
Pois esta é tua sorte!



TEU NOME É DEUS...
( Gracinda Calado)

Teu nome é paz,
Ó vibração divina!
Teu nome é luz,
Coroa de esmeraldas,
Teu nome é fé,
Ó força estranha!
Teu nome é amor
Que explode na alma,
Teu nome é Deus,
Ó vibração divina!

sábado, 8 de setembro de 2007

QUIMERAS...


QUIMERAS
( Gracinda Calado)


De nada valeram os sonhos,
De nada valeram as flores,
De nada valeram os beijos,
De nada valeram os amores!

Valeu apenas a vida,
Que intensamente tivemos,
Valeram somente os momentos
Que bem juntinho vivemos.

Quimeras são devaneios
O sonho uma doce ilusão,
Os beijos são raras quimeras,
Momentos de recordação!

sexta-feira, 7 de setembro de 2007




SOU BRASILEIRO
Gracinda Calado

Sou filho do verde
Do sol e do mar
Sou filho do azul
Da luz do luar.

Sou filho do ouro
Amarelo ideal
Sou filho da paz
Da fé imortal.

Sou brasileiro
Alegre a cantar
Sou índio guerreiro
Meu forte é lutar

Na verde palmeira
Meu sonho deixei
No galho da árvore
Dormi e sonhei

quinta-feira, 6 de setembro de 2007


O GIGANTE ADORMECIDO
Gracinda Calado )


O gigante adormecido urfa,
Soam os tambores da Republica,
Repicam os sinos da liberdade,
E as faces tristes do seu povo
Refletem seu retrato: Brasil!


O melhor e maior país do mundo é o nosso. Isto se não fosse a miséria que perambula pelas ruas maltratadas , abandonadas.
Nosso coração se faz de pedra de tanto vê crianças sem lar, sem teto, sem roupa sem chão.
Família não tem nome, a muito perdeu a identidade.
O que será das próximas gerações? Homens desalmados, violentos, cruéis.
A bondade do nosso povo está se esgotando de tanto suplicar por providencias sociais.
Os limites da nossa alma estão no limiar da agonia, a alma está ferida de ver o evangelho pregado e nada de concreto executado nas favelas, nos morros, debaixo dos viadutos, nos assentamentos, nos mutirões das cidades.O povo brasileiro está cansado!
O gigante adormecido urfa! Parece que estamos em tempo de ditadura...
Ninguém ouve o repicar dos sinos da republica...
Ninguém vê as caras tristes pelas ruas da cidade, e o desespero nas favelas, sem saúde, sem escola, sem dinheiro, sem amor, sem coração, sem trabalho, sem religião...
Nós, a classe média, olhamos através das fotografias, como espectadores esse drama social...
Somos culpados também, não fazemos nada. Esperamos pelos governantes, eles esperam as eleições, o voto... Que sacrilégio o nosso, votamos em todos eles...
Onde andas tu, ò liberdade! Salve a independência do Brasil, dos poucos brasileiros!
7/9/2007

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

PROVÉRBIOS ( 8,22 )


PROVÉRBIOS: ( 8,22)

O Senhor teve-me em sua posse no começo dos começos.
Ainda antes das suas obras mais antigas.
Fui criada desde a eternidade, desde sempre, antes da origem da terra.
Quando eu nasci, ainda não havia abismos nem fontes copiosas.
Nem montanhas de altos cumes.
Antes das colinas, já eu existia.
Ainda então ele não fizera a terra, nem os rios, nem os pólos da mesma terra.
Quando ele preparou o céu eu já estava presente.
Quando ele delimitou os abismos, quando a estes cobriu com o firmamento;
Quando criou as fontes; quando marcou as fronteiras dos mares,
Para que as águas não extravasassem;
Quando equilibrou os fundamentos da terra, já eu então existia a seu lado, alegrando-me dia a dia, na sua presença e sobre a terra e deliciando-me com os filhos dos homens.
E agora meus filhos escutai-me: Felizes aqueles que seguem os meus caminhos!
Escutai a palavra instrutiva,para ganhardes a sabedoria.
Não recuseis. Feliz o homem que me escuta.
Aquele que me encontrou, encontrou a vida.
Ele é o obséquio do Senhor!

terça-feira, 4 de setembro de 2007

PRECISO DE UM AMIGO


PRECISO DE UM AMIGO


GRACINDA CALADO

Preciso de um amigo para me ouvir quando quero falar de poesias e de amor.
Que goste de céu, de mar, de flores e de florestas...
Deve ter amor por alguém, ou sentir falta de alguém.
Deve ter um coração generoso e guardar segredos sem receios.
Deve ter um ideal e não ser vulgar, nem mesquinho.
Que saiba entender os mistérios da alma.
Sensível, educado, que compreenda o imenso vazio dos corações solitários.
Procuro um amigo que goste do que eu gosto, que se emocione, que chore, que ria, que converse coisas simples e goste da simplicidade do campo e das pessoas...
Preciso de um amigo que aprecie as noites de luar e os dias de sol na praia.
Que goste do cheiro do mar.
Preciso de um amigo para ouvir o choro e o grito dos irmãos abandonados nas ruas da vida...
Que me chame de amiga e que me faça parar de chorar...
Que bata em meu ombro e diga que a vida é bela e que vale a pena viver!

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

RÉSTIA DE LUZ


RÉSTIA DE LUZ
( Gracinda Calado)


ATRAVÉS DESTA RÉSTIA DE LUZ

VEJO A VIDA NASCER NOVAMENTE.

O BRILHO DE OURO DO SOL APARECE EM MIMHA ALMA COMO ESPERANÇA...

CRESCE A CHAMA DA FÉ.
EM DEUS CONFIO E EM TI PENSO!

PELA RÉSTIA DESTA LUZ TE VEJO.
ÉS VIVO E ÉS REAL
POSSO TE VER DE LONGE.

AINDA NÃO POSSO TE ALCANÇAR,
ALCANÇAR-TE-EI UM DIA,
SEREI FELIZ CONTIGO, PARA SEMPRE NO INFINITO.

Minha alma anseia-te,
Minha alma busca-te,
Através desta réstia de luz
Que acende em mim, uma esperança louca!

domingo, 2 de setembro de 2007


SONHAR É BOM
( Gracinda Calado)


Sonhar é fechar-se para o mundo,
Criar asas em busca de fantasias,
Em busca do que para nós é inatingível.
Voamos no trem dos pensamentos
Em busca daquilo que não sabemos explicar!

Tudo que nos impede de criar, criamos nos sonhos,
Tudo que nos proíbe de fazer, fazemos nos sonhos,
Tudo que não conseguimos na realidade
Nos sonhos encontramos soluções.

Nossos melhores momentos são sonhos...
Ilusões passageiras, castelos de areias.
Tristes quimeras, quando colocamos nos sonhos
Nossa razão, nossa emoção, nosso coração!

Sonhar é bom, quando o sonho é real,
Acordar é bom, quando o sonho é normal,
Nunca deixaremos que o mundo dos sonhos
Se transforme num pesadelo do mal!

sábado, 1 de setembro de 2007

ANOS DOURADOS


ANOS DOURADOS
( Gracinda Calado)


Anos bem vividos, cheios de recordações e saudades!
O que será que nos leva para bem longe, para o passado?
Um linda canção, um amigo sincero, um amor acabado.
Uma foto surrada que o tempo desbotou, um lugar, um cantinho, uma evocação.
Foram-se os tempos dos anos dourados, das festas, quermesses, novenas, e parques de diversões.
Os passeios na pracinha, um jogo de bilhar, uma cuba-libre, um filme preto e branco no cinema da cidade, uma canção do Roberto, as noites de “ luaradas”.
Lembro-me bem dos vestidos, das saias rodadas, das anáguas armadas, dos namoros no portão.
Dos gatinhos de pelúcia,do chiclete, dos pingüins de geladeira, das noites de badalação.
Aos domingos os passeios no parque, a ola gigante, um pote de sorvete, a pipoca, carrossel de cavalinhos, muita animação!
Um namoro escondido, os passeios na estação.
Os encontros com os namorados, os flertes, os bilhetinhos de amor, os convites escondidos.
As cartas apaixonadas, canções que falavam de amor, os amigos sinceros, as tertúlias animadas ao som da música do Ivanildo e seu conjunto, tudo isto nos enchia de prazer e alegria, tudo simples, muito natural.
Hoje só belas recordações das serestas e das novenas, das rezas, da missa de 9 horas e do coro da Igreja, do padre nos sermões, da fé em Deus, das promessas, tudo era muito natural.
Na escola , os trotes, os piqueniques, os dramas bem ensaiados, os corais, as fardas azuis de gala para os dias especiais.Os professores cheios de moral! Nossos pais acompanhavam nossa aprendizagem visando nossos boletins.Como dizia o Roberto: “Belos tempos, belos dias! O que foi felicidade me mata agora de saudades, belos tempos belos dias!” Belos anos dourados!