sexta-feira, 30 de novembro de 2007

NO SILENCIO DA NOITE DE NATAL


NO SILENCIO DA NOITE DE NATAL

Gracinda Calado

A noite ia chegando e com ela a quietude dos montes rumo a Belém.
A chuva fina que caia e a garoa, cobriam tudo de paz e tranqüilidade!
O ar frio da noite levava José e Maria com o menino no ventre para Belém, onde naquela noite mágica nasceria o Filho de Deus.
José com todos os cuidados de esposo e de pai, protegia sua adorada mulher das intempéries do tempo.

Em certo lugar, ainda subindo as montanhas e descendo em busca de um lugar para pousar, bateu em uma porta pedindo abrigo, pois, Maria entrou em trabalho de parto e logo o choro da criança subiria aos céus.
Entrou em uma hospedaria, lhe negaram hospedagem, bateu em uma porta, enquanto falava: “minha mulher vai ter um filho, precisamos de abrigo”, e a voz respondia: “ não temos lugar”. Novamente em outra porta e assim a noite fria congelava seus pés de tanto andar e pedir abrigo.

Não desistiu e falou em outra porta batendo desesperadamente: A voz soou lá de dentro em alto e bom som: “Não temos vagas, está tudo cheio”. José insistiu dizendo: “ senhor, a noite está fria, minha mulher vai dar a luz e não temos onde descansar”. Novamente a voz respondeu: “temos uma estribaria, lá embaixo, pode se instalar, pelo menos nesta noite.”
.
Quem poderia saber que ali, pedindo um lugar pra nascer, seria o Salvador do mundo?
Todos lhe deram as costas, lamentavelmente como fazemos hoje, muitas vezes com Ele.

A noite se findava, mágica, tranqüila, fria, de repente raios de luz cortam os céus num clarão inconfundível, sobrenatural e o Filho de Deus chora dando seu sinal, radiante e divino, naquela estribaria, junto aos animais que lhe davam o calor de suas respirações para aquecê-lo.
Maria e José glorificam ao Senhor naquela hora por toda a humanidade, pois só eles sabiam o segredo de Deus, prostram-se em orações.!
Bem-aventurada mulher, que no seu ventre gerou Jesus, amamentou-o em seu peito e deu o seu carinho!
Bem-aventurada mulher que cheia de graças, trouxe-nos Jesus!
Bem-aventurada mulher que na gruta de Belém pôde sorrir ao ver pela primeira vez o brilho do olhar do seu filho, que um dia choraria de dor na cruz.
Maria a medianeira das graças de Deus, Nossa Senhora, nossa protetora, rainha de Deus.
Nós lhe louvamos pela graça de ser mãe de Jesus, nossa mãe também!

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

SENTIMENTOS QUE SE CONFUNDEM


SENTIMENTOS QUE SE CONFUNDEM
Gracinda Calado


Sinto cheiro de festa no ar!
Aproxima-se o Natal de Jesus.
As pessoas ficam mais sensíveis, mais comunicativas, mais cheias de graças.
Nas igrejas novas e velhas canções natalinas, prenúncios de festas nas comemorações do aniversário do Deus-Menino.
Nossos corações transbordam de emoções, de alegrias, tristezas, saudades e devoções. Parece que nos aproximamos mais de Deus.
Desejamos imensamente sua graça e sua misericórdia, demonstrados nos presentes e doações aos mais necessitados.
Nossa alma fica mais aberta , mais receptiva.
Nosso coração, mais carente de carinho, de amor, e de ternura.
Por que será que sentimos nossos irmãos mais próximos de nós, como Jesus mandou?
Será que nessa época Ele vem passear e conviver conosco?
Não tenho dúvida que algo especial acontece em nosso ser.
Tudo se transforma, tudo fica verdadeiro para nós, o amor flui mais facilmente e contamina todo nosso ser.
Na expectativa do Natal, vamos nos preparando para o advento do nascimento do Salvador do mundo, e junto com toda a humanidade festejar o dia mais bonito de toda cristandade!
O Natal de Jesus!

DOCE PRESENÇA


DOCE PRESENÇA
Gracinda Calado


Saudades de minha mãe!

De ouvir sua voz rouca,
De beijar seus cabelos macios.
Estendo os braços
E não tenho seu abraço,
Só a saudade de você, mãe!

Murmura o vento e você não vem!

Chamo seu nome em vão,
Aumenta essa saudade minha mãe!
Escuto no silencio as batidas do seu coração,
Quando de encontro ao meu pulsava,
Agora bate de saudades, mãezinha!

O seu perfume não esqueço não.

Tens o cheiro de Deus
Quando penso em você!
E quando o vento sopra frio,
Sinto que você está aqui
Perto do meu coração!

Sua alma é perfumada!

Toda a natureza se perfuma,
Tudo fica alegre nessa hora,
Quando recebo sua visita,
Ainda não lhe vejo
Mas sinto o seu amor agora!

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

IMENSO AMOR


IMENSO AMOR
Gracinda Calado


Imenso amor o meu,
Quando disseste, vem!
Não pensei, nem pestanejei.

Hoje vive no espaço este amor
Que um dia eu consagrei
Hoje morre um amor,
Que um dia eu abençoei!

Dias após dias, procuro-te,
E no vazio do meu pensamento,
Não sei mais como era tua face.

A lei normal das coisas,
É o nosso triste final,
Um dia foste corpo material,
Te amei assim, mais do que eu!

O COLIBRI
Gracinda Calado


Parado no ar o colibri beija a flor mais bonita do jardim!
Olha para ela, logo se apaixona...
Chega mais pra perto, encosta o bico,
Sente o gosto do seu beijo.
Suga o mel, mata seu desejo!

Rodopia no ar e bate as asas de alegria.
O sol banha suas asas azuis com intenso brilho.
Seu corpo frágil, quase invisível,
Confunde-se nas folhagens.

E o meu olhar apaixonado pelo colibri
Perde-se no meio do turbilhão de cores.
Voa o colibri e outras flores vai beijar,
Outros amores vai buscar!

CADEIRAS NAS CALÇADAS


CADEIRAS NAS CALÇADA S

Gracinda Calado

Todas as noites soprava o vento do Aracati. O calor era grande e na calçada todos se reuniam para tomar uma fresca na hora que o vento passava.
Ali , na calçada pessoas passavam, algumas paravam para trocar um dedo de prosa.
Não havia quem não se aproveitasse daquela situação singular, com suas cadeiras de balanço na mesma hora e local na calçada.
Vizinhos se reuniam para aproveitar o frescor nas largas calçadas da cidade.
Vendedores de picolé, de coxão de noiva, tijolim, cocada, puxa-puxa etc,
.iam e vinham vendendo seus produtos e guloseimas aos freqüentadores das calçadas.
Os assuntos que saíam nas conversas, dependiam dos acontecimentos daquele dia: quem fugiu com quem, quem casou-se com quem, fulano se separou, a filha do sr.F está no caritó, o menino do casal R, nasceu, e por ai se desenrolava até meia-noite o “converser.” Às vezes as gargalhadas ecoavam no silencio da quase madrugada, quando a conversa era engraçada.
Quem morreu, quem nasceu, todos os freqüentadores das calçadas sabiam logo, e ao,amanhecer as noticias saíam quentinhas como o pão da padaria mais próxima.
Em meia hora toda a cidade já sabia o que acontecera durante à noite.
Mesmo assim era muito divertida a vida naquela cidade!
Hoje não se pode mais sentar nas calçadas...
Todos se fecham em seus portões e obrigatoriamente vão assistir televisão.
Até quando viveremos assim, prisioneiros, dentro de nossas próprias casas!

sábado, 24 de novembro de 2007

A MÚSICA E A LUA


A MÚSICA E A LUA.
Gracinda Calado

Gostaria que este texto fosse feito de música,
Com todos os tons e semi-tons que a música tem.
Gostaria que a música tocasse,quando a lua apontasse ao longe.
Uma canção suave, tocaria às seis horas da ave-maria.
O badalar do sino da igreja, faria concerto com a orquestração do universo, e o meu som com o teu se misturariam em uma apoteose mística encantadora!

Como seriam os sons musicais que sairiam dos meus versos?
Quando a noite dormisse, a lua nasceria para o nosso deleite noturno.
Na dança deste som imortal, dançariam as estrelas como pontos luminosos na escuridão do céu. Meu coração cheio de amor, tocaria o som do pulsar dos corações enamorados.
A música suave, levaria as almas para além dos horizontes, das montanhas e dos vales.
A noite amiga, misteriosa e bela, se apresentaria com seu vestido de gala para ouvir o nosso som..Somente a lua seria testemunha deste concerto imortal, nesta noite memorável!

UM DIA A GENTE VAI SE ENCONTRAR


UM DIA A GENTE VAI SE ENCONTRAR
Gracinda Calado


O encontro será no firmamento
Em noite clara como o luar.

Somos poeira do espaço,
Milhões de estrelas, fragmentos,
Anéis de luzes no mar.

Somos átomos, somos forma,.
Imaginação, essência do universo,
Sombras de luz em noite estelar.

Estrela incandescente no azul celeste,
Noite tranqüila que tece sonho e vida,
Pulmão do mundo, que respira,
Somos fogo e água, somos ar.

Somos sopro e vida, fragmentos,
Temporal, mistério em santo véu.
Cristais perdidos na infinitude do céu.

Um dia a gente vai se encontrar,
No infinito, do universo,
Você a estrela, eu fragmento de luar.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

SILÊNCIO


SILENCIO
Gracinda Calado


O silencio fala mais que mil palavras.
Calado assim, teu coração explode de alegria.
Não quero ouvir de ti nenhum adeus,
Só palavras ternas de amor e harmonia.

Fique parado, assim, como uma estátua,
E todos que passarem por ti, saberão como tu és.
Teus olhos dirão por ti, tuas palavras,
Teus gestos falarão por ti e por mim.

O silencio às vezes fala a qualquer coração.
A alma aflita,na solidão se acalma;
O eco do teu silencio, ecoa no infinito,
E no meu coração, tu ficarás.

Andarás assim perdidamente apaixonado,
E ao teu lado ficarei calada,
No silencio ouvirei teu coração,
E o teu segredo já não existe não.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

HOJE É DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA


CONSCIÊNCIA NEGRA
GRACINDA CALADO

Hoje é dia da consciência negra.
O que se tem feito para acabar com o preconceito entre raças?
O que observamos no dia a dia, é uma especulação boba a respeito da cor da pele.
Somos todos negros, brancos, amarelos, índios, somos todos brasileiros;
Amamentados nas tetas pretas de nossas babás ou nos peitos brancos de nossas mães.
O nosso sangue é violeta, a raça é brasinegra, e a nossa pele é canela ou amarela, morena, perfumada, uma mistura multicor que em nenhuma terra tem.
Nossos irmãos comemoram hoje e sempre, aquilo que eles defendem:
Respeito e seus direitos de viverem em paz com todos.
A liberdade de ir e vir sem ter que pedir licença a ninguém;
Livres como a lei áuria.
Se a pele é negra, a alma é branca, isso é o que interessa.
Depois da vida, a morte iguala a todos na sepultura.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007


ESPELHO, ESPELHO MEU
Gracinda Calado


Cada vez que te olho, tu ris de mim.
Por que, espelho meu?
Onde estão meus olhos que nunca se cansaram de te olhar?
Onde ficaram o brilho de meu olhar e a maciez de minha pele?
Onde deixaste o meu sorriso que muitas vezes te sorriu?
O que fizeste com minha face, agora triste, envergonhada, envelhecida?

A tua vingança é cruel, meu espelho companheiro.
Pensei que o tempo não me decepcionaria nunca.
Já não corro atrás dos dias de bonança, nem das brincadeiras, nem das festas fagueiras.
Sobra-me algo precioso é minha vontade de viver!

Eu não tinha essa face, assim triste, nem esse sorriso amarelo, nem essas rugas profundas.
Meus olhos eram grandes e castanhos, agora nem sei mais qual é a cor...
Meus ombros estão pesados desse fardo, depois de tantos anos carregando-o.
Meu coração agora pulsa em silencio, estampado em meu rosto a sua marca.
Agora só decepção do espelho que não me responde, pois o tempo é o culpado dessa triste verdade, que guardarei comigo para sempre.
Ò espelho, espelho meu, haverá alguém mais feliz do que eu?

domingo, 18 de novembro de 2007


DIÁRIO DE HOJE
Gracinda Calado

Hoje eu acordei ao som de passarinhos na minha janela. Enquanto os rouxinóis cantavam, lindos pardais brincavam de amor.
Antecipei-me para ir à praia e mergulhar naquele mar azul-esverdeado. As ondas estavam calmas como estava meu coração.
Sentei-me na areia fria, ainda pela manhã, enquanto o sol não vinha desmanchar minha graça.
Fiquei ali, apreciando a beleza do mar beijando a areia fina, transparente como a alma do poeta.
O sol começou a mostrar sua cara e de repente eu já estava bronzeada, por inteiro. Olhei as horas e o relógio insistente me avisou que já era hora de voltar.
O que será que vou almoçar hoje? Pensei faminta depois de uma manhã de raros acontecimentos. Tomei meu vinho preferido, “do Porto”, enquanto uma ducha fria esfriava-me os pensamentos.
Depois de uma saborosa peixada, li o jornal, na tranqüilidade do meu lar, enquanto lá fora acontecimentos brutais corriam de ponta a ponta da cidade, crimes e seqüestros, suicídios e assassinatos permeiam as noticias do jornal. Não sei se continuo ou paro de ler aquela sobremesa cruel.
Santo Deus, socorra esta cidade, pensei!
À tardinha, um encontro com meu computador, os e-mails dos amigos, este diário, na esperança de que à noite grandes acontecimentos me esperam: uma noite de luar, uma conversa informal, um encontro com amigos, um livro de boa leitura sugestão de uma amiga, “ Descer da cruz os pobres” e lá se foram os momentos deste dia maravilhoso!Boa noite, meu Jesus, amigo, proteja todos os que estão pelas ruas abandonados pela

sábado, 17 de novembro de 2007

VIVA A VIDA!



VIVA A VIDA!
(Gracinda Calado

Logo pela manhã, enquanto o dia nasce olhemos o sol,
E ele beijará nossos cabelos e derramará raios de luzes.

Quando passarmos pelas ruas, saudemos as pessoas,
Mesmo aquelas que não as conhecemos,

Bom dia, para todos que de nós se aproximarem.
À tardinha, vamos ver o pôr do sol no horizonte,
Agradecer pelos milagres de amor que derramou
Nas flores, nos animais nas pessoas, no mundo,
Enquanto todos nós trabalhávamos.

Deixemos que o véu da noite caia,
E as estrelas encontrem seus lugares preferidos,
Enquanto bordam o céu com suas luzes furta-cores.
Lá no céu do nosso encanto, asinhas de anjos,
Farfalham como borboletas tontas de amores.

Na praia ao luar, imaginemos sonhos coloridos,
Que levarão com eles momentos de raros esplendores,
Sonharemos com sereias, e seus cantos preferidos,
Enquanto o nosso peito bate uma canção de amores
Festejemos os deuses e rainhas dos mares escondidos.

Antes de dormir rezaremos uma oração em verso
E de joelhos em terra, agradeceremos ao Deus,
Do céu que nos criou e nos deu toda beleza.
A imensidão do infinito e a grandeza do universo,
O perfume da noite e do dia as cores da natureza.

sexta-feira, 16 de novembro de 2007




A MAGIA DO OUTONO
Gracinda Calado

Sensações incontroláveis de magia e beleza, nesta tarde de outono!
Meu coração ao ver os matizes dourados das folhas desperta em minha alma longos soluços de ais de outrora, de um passado lindo.
Folhas ao vento nesta mágica estação cobrem a natureza toda, e numa audácia natural se revela em especial esplendor.
Um tapete multicor espalha-se no chão, de folhas ao vento nesta estação.
.As folhas secas de um colorido cardeal deixam no ar um perfume sutil.
Como caem as folhas no Outono!
É como nossa vida e os amores. Misteriosa e bela a natureza!
Os amores como as folhas também mudam também caem..
Por que não entendê-los?
As borboletas de repente explodem no ar acompanhando o mistério da natureza, que se faz presente nesta tarde de espetáculo majestoso.
O céu é um portal dourado no arvoredo.
Como os pássaros, as borboletas farfalham e os passarinhos cantam em seus ninhos, trocam carícias em sinais de esperança.
A natureza canta sua sinfonia.
Por onde piso, sinto cheiro de mato, sinto cheiro de Deus.
Este cenário é a perfeição divina para uma reflexão e poesia em minha mente confusa.
Os meus versos são como os reversos do meu coração.
Deixo me levar por esta loucura de emoções nesta tarde bela de outono!

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

LIBERDADE BRASILEIRA


LIBERDADE BRASILEIRA
Gracinda Calado

Hoje é o aniversário da República do Brasil.
Lembrando meus tempos de colégio, lembro-me de Proclamação da liberdade brasileira.
Naquela época eu acreditava que o Brasil era livre, realmente.
Com o passar dos anos, e o aprofundamento das lições, fui mudando de opiniões a respeito de nossa história. Será que nos ensinaram uma coisa e a coisa é outra?
Que visão de liberdade temos hoje em nossa Pátria com essa República que há tantos anos foi proclamada? A resposta está em nossos olhos, em nossa cara, em nossa vida, em nossa família, nosso povo.
Nossa forma de governo, nossa democracia, não saíram dos primeiros passos, ainda engatinha, pelas mentes sedentas de história e liberdade.
Às vezes acho que nosso povo pensa que liberdade é sair por aí brigando, fazendo baderna, assaltando, matando por nada, desrespeitando os mais velhos, batendo em nossos irmãos mais pobres, excluindo os mais miseráveis e desafortunados desta terra republicana.
Liberdade é saber usar e respeitar os direitos dos outros, respeitar a Constituição, fazer valer os seus direitos de brasileiro, conhecer os limites de seus direitos e do outro. Viver em paz com todos, como irmãos. Pena o nosso patriotismos ter perdido o verdadeiro sentido.
Somos obrigados a pensar diferente, pois o que se apresenta em nossos olhos no dia a dia são casos vergonhosos de verdadeiras prisões. O povo brasileiro digno, trabalhador não tem mais direito de viver livre. Suas casas tornaram-se verdadeiras prisões em grades fortificadas contra os marginais e assaltantes profissionais. O mais triste é que ninguém faz nada para por fim essa situação, que já virou rotina em nossas vidas.
Salve a Republica Brasileira, salve, socorro, salve!

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

VAI CHEGANDO O NATAL...


VAI CHEGANDO O NATAL
Gracinda Calado


Hoje eu acordei com um sentimento de vazio no meu peito.
Levantei-me da cama e por alguns instantes fiquei quieta e pensativa.
Queria entender aquele vazio, aquela angustia que dominava meu ser por inteiro.
Acho que sonhei com meus pais e no sonho tudo era nítido e real,
A presença deles em mim.
Que sonho saudosista e ingrato, pois acordei e não encontrei ninguém ao meu lado.
Nesta época em que as casas e o comércio da cidade começam a enfeitar suas residências e lojas, o espírito do Natal vai tomando conta de nossa mente.
Lembramos as pessoas queridas que não estão mais conosco, sentimos saudades dos nossos encontros animados, das festas natalinas em companhia deles..
Como são bonitas as decorações de Natal, as lapinhas, as árvores que enfeitam, cobertas de luzes e de cores!
Nosso coração fica apertado de lembranças e de saudades.
Nossa vontade é voar e buscar aqueles que estão longe de nós.
Para acalmar meu coração, penso e rezo uma oração.

terça-feira, 13 de novembro de 2007




APRENDI COM A VIDA
(Gracinda Calado)

Passei por desertos e nada encontrei,
Viajei por mares revoltos e fiquei firme,
Fugi de fortes vendavais, e chorei,
Segurei a força do vento em minha face.

Aprendi o que é amizade,
Aprendi o que é amor,
O que é perdão e oração.
Passei nas estradas e curvas do caminho,
Sofri, mas aprendi o que é viver,

Aprendi lições de casa direitinho,
Briguei com o tempo no relógio,
Marquei encontros e desencontros,
Entreguei minha vida, inteirinha,
Sobrou meu coração sem arranhão.

Passo nos desertos onde andei.
Não sinto frio, só calor;
Os mares agora estão calmos,
Os vendavais não chegam mais aqui,
A minha face é outra, no reverso
Das coisas que aprendi.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007



FOLHAS AO VENTO
(Gracinda Calado)

A vida é como um sonho, às vezes bom, às vezes pesadelos.
À noite eles entram em nossa casa e não pedem licença.
Vão chegando, vão entrando tomando posse,
Nossos passos são lentos, nossos braços não se movem,
Nosso peito se enche de sensações estranhas,
Às vezes sentimos dor, agonia, alegria ou solidão.

Em nosso livro, fazemos histórias.
Histórias da infância e de primaveras,
de reis e de bruxas de sereias e rainhas.
flores e borboletas, padres e coroinhas.
Sonhos de adulto, com lágrimas ou vitórias.

Todos os dias viramos uma página, não as lemos.
Deixamos para trás os momentos perdidos,
Os que nos são caros, que marcaram nossa história.
Inventamos coisas, inventamos tempos vividos.
E o tempo passa e se vai como páginas
ao vento levando nossa história.

O que fazer com a página em branco do meu livro?
Deus quem me fez me inventou assim,
Com páginas em branco em minha vida,
Não quero registrar os tais momentos
Que me fizeram sofrer na minha história.

domingo, 11 de novembro de 2007

O BEM-TE-VI


O BEM-TE-VI
( Gracinda Calado)


O que aconteceu com aquele bem-te-vi,
Que todas as manhãs cantava,
Na beirada da janela de meu jardim?

Por muitos dias vinha me ver e cantar uma canção,
Pergunto a todos se não viram um bem-te-vi cantador.
Ninguém viu nem dá noticia do seu canto.

Será que ele já morreu ou sente a dor do amor?
Se o bem-te-vi soubesse que ele é muito especial!
Ah! Meu bem-te-vi! Que saudades de ti!

Vem logo, que eu quero ouvir teu cantar!
Te esperei toda manhã, te esperei de tardezinha,
Amanhã sei que tu voltas, passarinho!

Será que alguém te prendeu, te pegou?
Na gaiola já não cantas, pobrezinho,
Alguém com maldade te matou.?

Vem logo passarinho,
cantar teu canto de amor!

sábado, 10 de novembro de 2007


AS LAVADEIRAS
(Gracinda Calado)

No tempo em que eu ainda era criança, apreciava as lavadeiras que iam todos os dias lavar roupas no rio.
A nossa casa ficava às margens do rio Pacoti, em uma grande chácara.
Em frente a casa havia uma grande ladeira que dava acesso a um bairro, chamado “ Boa vista”, lá moravam muitas lavadeiras.
Essas mulheres sobreviviam das lavagens das roupas das famílias abastadas da cidade.
Todas as manhãs, quando o sol despontava as lavadeiras desciam a ladeira com suas trouxas de roupa para lavar no rio que se chamava “rio das lajes”, afluente do Pacoti, pois era coberto de pedras enormes. No verão o rio secava e as lavadeiras sofriam muito com a escassez da água.
Enquanto elas lavavam aquela roupa toda, eu ficava horas perdidas, olhando dona Rute e dona Rosa na lavagem da roupa branca.
Queria saber o que elas faziam para deixar aquela roupa branquinha e cheirosa.
Quando estavam cansadas costumavam cantar algumas músicas, não me recordo bem as letras.
O local era propício para estender roupa, nas pedras, que elas chamavam de “coradouro.”
Duas ou três vezes durante o tempo do coradouro, elas vinham aguar a roupa para não queimar ao sol. Quanto mais quente o sol, melhor para a roupa ficar branca.
Muitas vezes não comiam nada, até que terminasse o serviço.
Finalmente às quatro da tarde elas passavam em frente a nossa chácara, subiam a ladeira com toda aquela roupa na cabeça, amarrada como uma trouxa, de volta pra casa.
O cheiro de roupa limpa, lavada com sabão a gente sentia de longe. Não usavam alvejantes, nem amaciantes, nem anil.
Outras estendiam suas roupas em uma cerca de arame, para secar mais depressa, com a ajuda do vento e do sol; voltavam para casa mais cedo.
Suas mãos eram calejadas, suas peles eram queimadas, quase tostadas. Seus cabelos ressequidos. Assim mesmo todos os dias as pedras do rio estavam cheias de lavadeiras.
No dia seguinte ao da lavagem, ficavam em casa para com ferro passar toda trouxa, que lavaram no dia anterior. À noite subiam as ladeiras da cidade para chegar ao centro e entregá-las aos fregueses certos: do doutor, do prefeito, do juiz, do vigário, do promotor.
Quanta determinação naquele trabalho, tanto amor, tanta dedicação!
Até hoje não esqueço dona Rute e dona Rosa. Elas eram brancas e loiras, seus lábios sempre rachados da quentura do sol.Viviam da lavagem e do engomado.
Muitas vezes, eu e meu pai, ficávamos no alto das pedras no sítio, olhando aquele ritual diário das lavadeiras.Passavam em procissão, parecia uma penitencia diária.
Quando era safra das frutas, levávamos cestos cheios de fruta para elas, ficavam agradecidas.
Mantive por muito tempo um sentimento de amor e respeito muito grandes por todas elas. Não sei se dona Rute e dona Rosa ainda estão vivas...Talvez bem velhinhas...
.

NO SILÊNCIO DA NOITE


NO SILENCIO DA NOITE
( Gracinda Calado)

É no silencio da noite que minha voz ecoa,
Debaixo deste céu estrelado de notas azuis,
Deixo falar meu coração perto do teu.

É no silencio que se cala a alma,
Para ouvir os gemidos seus
Neste quadro frio desta noite calma.

Ouço vozes e sussurros mais além,
É o vento frio que passa e que vem,
Amenizar a noite calma do meu bem.

Silencio frio imortal sem alma
Fala ao meu ardente e doce coração,
Uma palavra de amor que acalma.

Na noite fria de tantos amores,
Só o silencio fala pra nós dois
Na noite escura de místicos temores.

Ò pobre alma, ilusão errante!
Vida da minha vida, luz verdadeira
Divina prece de um amor distante.

Restos de luar por sobre as praias,
Sombras passeiam tão distantes,
São imagens de uma alma errante,
Passeia, calmamente sobre os montes.

Na minha visão de alma aflita,
Procuro ouvir a voz do vento
A me falar coisas bonitas
Nesta noite de encantamento.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

NAQUELE CHÃO DEIXEI MEU CORAÇÃO.


NAQUELE CHÃO DEIXEI MEU CORAÇÃO.
Gracinda Calado

Naquele chão deixei ficar meu coração.
Cansado de amar, cansado de viver.
Nas ruas empoeiradas da minha vida,
O cansaço se instalou depressa.
Os ares dos meus feitos ficaram encobertos de tristezas.

Ò coração ingrato, traiçoeiro,
Parece um relógio a me acusar o tempo!
Por que não paras de bater assim aceleradamente?
Sinto em meus braços ainda fortes, o pesar da vida.

Ò vida efêmera, vulgar, vida mesquinha,
Mergulhas na imensidão do teu universo esquecido,
Vagueias na amplidão do céu, do infinito.

Abraça as mágoas dos irmãos que sofrem e choram.
Conceitos esquecidos de outrora,
Alívio e salvação para outros corações.
Olhar voltado para o além dos teus desejos,
Pensamentos e quimeras do etéreo céu dos esquecidos.

Lava as lembranças de um passado triste,
Volta a viver como antigamente,
A doçura de uma alma ingênua e pura,
Refaz o chão que pisas docemente,
Em teu coração ainda encontrarás abrigo.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

APRENDI NA VIDA


APRENDI NA VIDA...

Gracinda Calado


A vida é uma caixinha de surpresas onde cada vez que abrimos encontramos uma peça preciosa, ou “uma falsa” sem valor estimativo, que guardamos nem sabemos porque.
Aprendi que não devemos esperar nada receber em troca.
Que a vitória pertence aos que confiam na sua capacidade de fazer algo, e aos que esperam com paciência.
Nada devemos guardar dos tesouros espirituais, passemos em frente, pois eles não nos pertencem.
Aprendi que amar é doar-se. É força que brota do fundo da alma em busca de outra alma, perto ou distante.
Que os nossos sentimentos são controlados pelo espírito.
Quando o espírito sofre, sofremos juntos e fazemos outros sofrerem.
Quando somos felizes, deixamos transparecer essa felicidade como um rio límpido, transparente...
Aprendi que o amor não tem explicação, nos torna frágeis e fortes ao mesmo tempo. Sofremos e vivemos em intensidades paralelas.
Que somos anjos e demônios quando se abala a estrutura da alma.
A alma é um mistério para os homens, para Deus é um éter do universo, uma energia pura e singular.
Aprendi que a vida é um dom que trazemos guardado dentro de nossa caixa de tesouros, que devemos protegê-la sempre, pois ela é milagre de Deus para todos nós.
È a peça preciosa da nossa caixinha de surpresas!

terça-feira, 6 de novembro de 2007


AH O AMOR!
Gracinda Calado


O amor engana muita gente.
O amor é um vaso fino de cristal, ao pequeno toque cai e quebra-se.
O amor é um sentimento que se confunde com a paixão.
O amor deixa feliz qualquer coração.
Pode ser mulato ou preto, branco ou índio,
Ele não escolhe abrigo quando chega.
O amor não é ciumento, nem infiel.

Ele é suave e calmo como águas cristalinas.
O amor é um sentimento tão antigo quanto o mundo,
Por ele, muita gente já morreu.
O amor é virtuoso, paciente, doador.
O amor não sangra o peito,
O amor acalma o coração.

O que faz mal ao amor é o egoísmo doentio,
É o sentimento de posse,
A nostalgia.
O amor arrebata corações e multiplica-se em pedaços.
O amor é oração, é emoção.
O amor é vida bem vivida.
É seiva que alimenta a alma.
O amor é a própria vida.

domingo, 4 de novembro de 2007

NAQUELE CHÃO DEIXEI MEU CORAÇÃO


NAQUELE CHÃO DEIXEI MEU CORAÇÃO.
Gracinda Calado

Naquele chão deixei ficar meu coração.
Cansado de amar, cansado de viver.
Nas ruas empoeiradas da minha vida,
O cansaço se instalou depressa.
Os ares dos meus feitos ficaram encobertos de tristezas.

Ò coração ingrato, traiçoeiro,
Parece um relógio a me acusar o tempo!
Por que não paras de bater assim aceleradamente?
Sinto em meus braços ainda fortes, o pesar da vida.

Ò vida efêmera, vulgar, vida mesquinha,
Mergulhas na imensidão do teu universo esquecido,
Vagueias na amplidão do céu, do infinito.

Abraça as mágoas dos irmãos que sofrem e choram.
Conceitos esquecidos de outrora,
Alívio e salvação para outros corações.
Olhar voltado para o além dos teus desejos,
Pensamentos e quimeras do etéreo céu dos esquecidos.

Lava as lembranças de um passado triste,
Volta a viver como antigamente,
A doçura de uma alma ingênua e pura,
Refaz o chão que pisas docemente,
Em teu coração ainda encontrarás abrigo.

ENTRE O SONHO E A REALIDADE
Gracinda Calado


Quando somos crianças pensamos como criança, sonhamos como criança.
Sonhamos com bonecas, bruxas, princesas, reis e rainhas.
Povoamos nosso espaço de mil personagens, incorporamos fantásticos super-homens e mulheres maravilhas.
Um dia o sonho acaba e nos transporta para outros sonhos.
Na adolescência entramos nos sonhos sem medo, e é essa coragem que nos faz fortes.
O primeiro namorado, a primeira paixão, aquela coisa devastadora corroendo por dentro do nosso coração, sem explicação.
Nosso corpo se modifica e nos sentimos outros personagens, mais bonitos, mais inteligentes, atrativos, merecedores de tudo que sonhamos.
Muitas vezes somos rebeldes, outras somos passivos, às vezes debochados, organizados, etc, até que num instante tudo se transforma e somos adultos.
Quem nunca sofreu por amor não viveu.
Começamos tudo de novo, decepções, desencontros de primaveras, noites de invernos na alma, inquietações, nostalgias, prelúdios de outonos e por ai, vamos levando nosso sonho que já se faz diferente.
Mais trágico, mais sofrido, grandioso, ou mais perverso.
Mesmo assim não podemos deixar de sonhar, até que um dia chegaremos no portal do sonho maior, o sonho do passado, aquele que não realizamos.
Aí já é tarde pra sonhar um novo sonho.Viajaremos em um sonho que não nos deixará jamais o chão pisar.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Hoje é Dia dos Mortos


HOJE É DIA DOS MORTOS
Gracinda Calado


Todos nós temos alguém que já partiu para a casa do Pai.
Da morte nada sabemos pois, ninguém vem de lá dizer como se passa esse mistério.
Acreditamos em Deus e que é Pai de misericórdia e não prepara sofrimento para seus filhos.

Sentimos saudades, sofremos diante da ausência de um ente querido.
Dos mortos todos sabemos que não voltam mais.
Os seus destinos foram concretizados no objetivo que Deus preparou para todos nós.
O mistério insondável continua. Finda a vida e nosso corpo se integra na terra fria.O que era da terra se desagrega e acaba ruindo. O corpo, as riquezas, as glórias as vaidades, os sofrimentos.O solo vai falar por todos.
Quem se lembrará de nós que ficamos aqui, com a nossa dor, nossa saudade, nosso vazio?

Sabemos que um dia tudo findará também.
Nossa barca cairá no vazio insondável da morte e no mistério da eternidade.
Quem vai consolar nossa dor? Cada pessoa que perdemos é uma ruptura na nossa vida , pois aqueles que fizeram parte de nós se desagregam.
O que nos conforta é a força do espírito em nós, dependendo de nossa fé, pois a razão tem limites de compreender as coisas sobrenaturais.
Conforta-nos saber que temos uma missão a cumprir e esta será a nossa salvação.
Os laços de família e de amizade esses levaremos conosco para sempre!

quinta-feira, 1 de novembro de 2007


REFLEXÃO.
(Gracinda Calado)

Por momentos parei e de repente veio em minha mente,
As lembranças dos amigos que já se foram.
Não temos mais contatos com eles, no entanto parecem que estão sempre perto de nós.
Atravessaram as montanhas dos sonhos e se foram, sem deixar nem um adeus.
Na minha mente povoam histórias de cada um, e o meu semblante muda.
Os olhos começam a marejar e minha voz embarga.

Cada um teve a sua história:
De amores, de desencontros, de paixões de sofrimentos, de separações, de dores e males incuráveis de solidão, de carinho e de fantasias.
Pessoas que nos eram caras, alçaram vôos infinitos pra não mais voltar.
As saudades ecoam como harpas em descompasso em busca dos sonhos,
em dimensões etéreas, cósmicas, onde nem o nosso pensamento alcança.

A saudade faz reviver imagens embaçadas , sorrisos já sem cor.
O tempo é responsável pelo desgaste de tudo que outrora era beleza.
Não vamos reviver os fantasmas do passado,
mas as lembranças boas daqueles que para nós foram caros.
Já não podemos com eles celebrar a vida.
Assim como eles, nós vamos vivendo a espera desse encontro.
.
Vamos refazer as forças, refugiarmos no nosso interior
e buscar na alma a solidez que precisamos para esse dia.
Vamos viajar nas asas dos sonhos e seguir nossos caminhos.
Atravessar o espaço e seguir o rumo das estrelas para além dos nossos pensamentos e deixar fluir nossa ilusão de céu, onde cantam anjos e querubins, e Deus na porta a nos chamar!